segunda-feira, 25 de março de 2013


- Luís Buchinho
Marcadamente urbana, a colecção apresentada por Luís Buchinho dá-nos conta de uma mulher forte e sem medo da afirmação, o que se vem a comprovar pela escolha dos tecidos. Trata-se de uma colecção bastante geométrica e gráfica, encontrando a sua inspiração em torno do conceito de identidade e tomando a Revolução de Abril de 1974 como referência. Destaque para as diagonais, assimetrias, grafismos, marcação dos ombros e cores. 

Fotografia por Rui Vasco


- Ricardo Andrez
A colecção de Ricardo Andrez apresenta um twist desportivo com uma clara influência urbana. De nome "Brvtvs", esta é uma colecção que de facto apresenta muita intensidade (factor que tenho vindo a notar que está muito presente ao longo desta edição). Em colaboração com a marca de sapatos Sr. Prudêncio, Ricardo Andrez apresenta-nos coordenados a serem usados por pessoas com personalidade forte e determinada, aspecto onde encaixam as luvas e a sua alusão ao combate. Destaque para a execução das peças, assim como para o padrão axadrezado que encarei como uma referência aos kilts usados pelos guerreiros celtas. Pessoalmente, não gostei de alguns botões. Mas isso, no meio de tudo, é apenas um pormenor.
Do your research: www.pt.wikipedia.org/wiki/Kilt

Fotografia por Rui Vasco


- Saymyname
Colaborando novamente com a marca Xperimental ao nível do calçado, a colecção apresentada por Catarina Sequeira, designer por trás da marca Saymyname, tem como inspiração os trabalhos desenvolvidos pela artista plástica e performer Victorine Muller, facto que se pode observar pela escolha dos materiais e padrões apresentados ao longo do desfile. Destaque para a coordenação de cores, transparências subtis e para a atenção e detalhe dados às costas dos coordenados, algo que se tem notado em vários desfiles. Os drapeados, pregas e aberturas foram outro ponto alto deste desfile. Tenho de apontar o facto de algumas saias não assentarem bem às modelos na parte de trás, o que me levou a distrair um bocadinho do desfile em si. Apesar disso, foram muito mais os pontos positivos do que os negativos.

Fotografia por Rui Vasco


- Aleksandar Protic
Colecção inspirada na pintora Georgia O'Keeffe e com o mote de "silêncio, tranquilidade, maturidade e religião". Aleksandar Protic apresenta-nos peças marcadamente geométricas e estruturadas, onde podemos distinguir formas triangulares, quadradas e rectangulares. A opção pelo preto e branco justifica-se pelo tema e as alusões aos hábitos dos padres são evidentes: fitas nos pescoços e mãos das manequins. Destaque para as simetrias, padrão, pregas e cortes nas costas dos coordenados. A modelagem das peças e o fitting é outro aspecto a ter em consideração, uma vez que ambos estavam perfeitos. Destaque ainda para a mistura de tecidos e a desconstrução do look clássico. Não fiquei fã dos sapatos. Lentamente, estou a gostar mais deles.

Fotografia por Rui Vasco


- Os Burgueses
"Blackout" foi o nome escolhido pelos designers Pedro Eleutério e Mia Lourenço para baptizar esta colecção. Antes de entrarmos na sala, foi-nos pedido que usássemos umas mini lanternas no desfile. Isto causou-me uma óbvia sensação de curiosidade relativamente ao que se iria passar. "Será que o desfile é às escuras?", "Será que a roupa brilha no escuro?", "Será que só nos deram isto apenas para dar interesse à colecção?" ... Todas estas dúvidas foram respondidas assim que o desfile começou. Ouvem-se sons orgásmicos e os manequins começam a desfilar depois disso. A tentativa de interacção com o público foi engraçada, ainda assim, a mesma saiu falhada. Criou-se demasiado suspense que depois não foi compensado pela roupa que se viu desfilar. Ainda assim, gostaria de destacar o trabalho com as peles, o uso do preto total e as malas. Acabo este pequeno comentário dizendo que não gostei da analogia entre o escuro/sexo. Pareceu-me uma colecção demasiado forçada, planeada, programada e pouco natural.

Fotografia por Rui Vasco


- Pedro Pedro
A colecção de Pedro Pedro era em tudo dicotómica e paradoxal. Uma colecção de opostos onde cada coordenado se destaca à sua maneira. A opção pelo preto, branco, castanho e cinzento valorizou os materiais escolhidos. Adorei em absoluto os sapatos da Basilius (que têm obtido críticas muito positivas). Destaco, uma vez mais, o uso do pêlo e de diferentes texturas, não fosse esta colecção inspirada nos índios Norte Americanos. Destaque para o pormenor de algumas bainhas estarem desfeitas, conferindo um carácter despojado à colecção que contrastou com os coordenados mais clássicos e opulentes. Gostaria ainda de destacar o styling e os tecidos com brilho. Contudo, não fiquei fã dos casacões. Achei-os um pouco aborrecidos, talvez devido à cor ou ao corte demasiado masculino. Para terminar, gostaria só de acrescentar que adorei os coordenados em que o forro do casaco era da mesma cor da malha usada por baixo. O pormenor do uso de fitas foi muito engraçado e tem-se visto em alguns desfiles nesta edição.

Fotografia por Rui Vasco


- Alexandra Moura
As colecções de Alexandra Moura são sempre cheias de alma, trabalho de pesquisa e de uma grande dedicação. Todos estes factores apontados traduzem-se nos seus desfiles, tudo ao mínimo detalhe. E é principalmente por este motivo que esta designer é uma das minhas referências e grandes inspirações. Nesta edição da ModaLisboa, Alexandra Moura apresentou uma colecção inspirada no número 4 que nos surge de forma matemática, dimensional, temporal e animal. Partindo desse pressuposto, a designer desfilou coordenados muito ricos em assimetrias e diferentes texturas, com um forte impacto das suas inspirações na natureza e na vida terrena, havendo muitos pormenores metálicos. O desfile começou com o som de um cavalo a chilrear, facto que fez ponte com o styling das manequins que pareciam autênticos cavalos de baloiço. Destaque para o pêlo, padrão preto aos quadrados, sapatos, acessórios, lãs, calças curtas e saias longas. De apontar que o pescoço das manequins estava quase sempre tapado, fosse por golas altas ou por acessórios dourados. Ainda a destacar, os diversos apontamentos muito femininos, o veludo (tecido mais pesado no meio de outros mais fluídos e leves) e as cores.

Fotografia por Rui Vasco


- Nuno Baltazar
Inspirada no filme Orlando (1992), a colecção de Nuno Baltazar segue os mesmos moldes da marca, já característicos. Destaque para os zippers, pregas, texturas, abertura nas costas e volume. Gostei especialmente de uma camisola preta com aplicações por ser a peça mais diferente e fora do habitual daquilo que vemos de Nuno Baltazar. O grande foco desta colecção foi a zona dos ombros e costas (tal como se tem visto ao longo desta edição). Gostaria ainda de destacar as golas e os óculos, ambos pela irreverência. É uma colecção citadina que cabe no guarda-roupa de uma mulher jovem, confiante e segura de si mesma.

Fotografia por Rui Vasco


- Ricardo Preto
Se houve um desfile nesta edição com um grande impacto visual, foi o de Ricardo Preto. Mal entramos na sala, a curiosidade instala-se. No meio da passarela podemos observar um ramo de uma árvore e um caminho de terra. Depois de todos sentados, começa o desfile. Uma nuvem de fumo percorre a totalidade da sala e as manequins começam a desfilar os coordenados limpos e perfeitamente executados de Ricardo Preto. Houve quem dissesse que a opção por um efeito de fumo tivesse prejudicado a visibilidade. Eu, pelo contrário, não achei que me tivesse sido prejudicial. Consegui ver tudo ao pormenor e na perfeição. Apenas penso que o trabalho dos fotógrafos possa ter ficado um pouco dificultado porque, de facto, nas fotografias não se vê bem a roupa. Apesar disso, convém destacar as malhas, coletes, blazers, capas, bolsos, golas e costas, pois acrescem valor, interesse e detalhe aos coordenados. Finalmente, neste desfile, vi novamente o uso de botões (coisa rara, pois quase todos os designers optaram por zippers). E não só os vi, como eram lindos. As cores escolhidas foram muito do meu agrado, principalmente o amarelo, encarnado e azul. Adorei um coordenado em que a manequim vestia um casaco sobre outro casaco, uma sobreposição arriscada e eu gosto de quem toma riscos. Assistiu-se ainda a uma mistura de padrões que valorizou o interesse visual da colecção. Para terminar, queria só apontar o facto de não ter gostado de umas calças brancas pois assentavam na manequim de uma forma estranha na zona do gancho.

Fotografia por Rui Vasco


Marta F. Cardoso

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