domingo, 23 de março de 2014


Filipe Salgueiro, capricórnio, actor e modelo português.
Leque de trabalhos muito variado, dentro da área da representação e da moda. Fotografado por diversos fotógrafos para campanhas de publicidade e moda em Portugal e noutros países. Participante em projectos televisivos e teatrais. 2014 marca a estreia de "Amantes de Fresco", um original da sua autoria.


Marta F. Cardoso - Antes de começar as minhas entrevistas, gosto sempre de colocar as pessoas à vontade. Contudo, ao mesmo tempo, tenho um especial prazer em aterrorizá-las um bocadinho. Por isso, qual seria a melhor forma de começar senão perguntando-te há quanto tempo não comes arroz doce?

Filipe Salgueiro - Há dois dias... O que é muito!


MFC - Sei que é a tua sobremesa preferida, mas também gostas bastante de melância e de bolas de Berlim. Tens um carinho especial por comida portuguesa e não podes ver favas à frente. Se, num dos teus papéis, a tua personagem tivesse de devorar um prato de favas, eras capaz de o fazer?

FS - Faço tudo por amor à arte de representar. Mas aviso já que para comer favas teria de ser um bom cachet... E de ter chouriço!


MFC - Por falar em personagens, ao longo da tua carreira de actor e de manequim, iniciada em 2002, tens vindo a representar diversos papéis. Televisão, teatro, passarela... Não te vou perguntar qual preferes, pergunto-te antes o que sentes de diferente em cada área, nomeadamente no que diz respeito à reacção do público e à interpretação das personagens.

FS - Talvez o ponto de encontro entre ambas seja o "vestir" das personagens, mas, claramente, tenho uma grande paixão por representar e o teatro dá-nos uma retribuição in loco e na hora. É algo orgásmico, aspirando sempre à repetição do acto em si. A generosidade do público é claramente palpável em teatro. Em televisão é um prazer diferente...


MFC - A tua formação em Design, pela Faculdade de Belas Artes, ajudou-te de alguma forma na tua profissão? É uma área na qual ainda tens interesse e desenvolves trabalho?

FS - Já realizei vários projectos e obras, dentro dos quais discotecas, lojas e inclusive dois bares dos quais era proprietário. O design ajuda-me muito a entender a linguagem das imagens e, em termos práticos, a desenvolver uma plasticidade nos projectos que faço. Mas, acima de tudo, todos eles falam de amor. Seja na sexualidade presente numa peça de teatro, seja na sensualidade de uma peça de mobiliário ou no prazer intelectual de uma fotografia, assim como no prazer físico de um desfile de moda. A estimulação, para mim, é muito importante.


MFC - Quando representas numa cena uma situação pela qual nunca passaste ou com a qual nunca tiveste contacto directo, assim como uma emoção que nunca sentiste, consegues concentrar-te em pleno naquilo que estás a retratar?

FS - Sim. Faço investigação, tento saber ao máximo sobre o que me é pedido como actor no que diz respeito ao desempenho dessa determinada personagem. Por exemplo, nos "Morangos com Açúcar" fazia um vilão muito violento e junto da APAV tive acesso ao contacto com pessoas vitimas de bullying e violência doméstica. Isto ajudou-me a perceber a visão das vítimas e o historial deste tipo de agressores. É muito interessante esta parte do processo de investigação porque descobrimos planos da vida geral sem nunca nos darmos conta.


MFC - Já te deixaste levar por algum papel? As personagens que interpretas afectam a tua vida pessoal?

FS - Sim, acho que todo o actor dá um pouco de si em cada papel, mesmo que seja uma percentagem muito reduzida. Isto ajuda na veracidade do papel e, muitas vezes, também ficamos com algo da própria personagem. Por isso, é importante saber "despir" a personagem. Muitas vezes, nomeadamente em papéis físicos que requerem uma grande tensão, fico muito irritado e nervoso. Mas faz parte. Também existe o caso de alguns colegas se apaixonarem em cena. Lidamos com muitas emoções.


MFC - Entre Meryl Streep, Simone de Oliveira, Johnny Depp e Ruy de Carvalho quem escolherias para parceiro de cena numa longa metragem?

FS - Ui,  complicado... Meryl Streep, por um lado, e Johnny Depp, por outro... Ambos geniais! 


MFC - E para subir à Torre Eiffel, visitar a EuroDisney ou ir de viagem até ao Japão?

FS - Para à subir a Torre Eiffel só mesmo o "the one". Para a Eurodisney, "the one" também seria indicado. Ao Japão... Alguém que soubesse falar Japonês!


MFC - Neste momento, estás a estrear-te como argumentista de uma peça, "Amantes de Fresco". Será a primeira de muitas?

FS - NERVOS! Sim, será a primeira de muitas. A minha vida é feita de fotografias, video-tapes, filmes e enredos de ficção. Talvez escreva algo entre "2001 Odisseia no Espaço" e "Moulin Rouge".


MFC - O que podemos esperar a nível de argumento, personagens e guarda-roupa no que diz respeito a esta tua nova aventura?

FS - Esta peça é feita de lugares pouco comuns, mas com cruzamentos muito reais. É toda ela baseada em factos verídicos e as pessoas poderão rever-se neles. Em termos de métrica, tento fazer algo contemporâneo e diferente. Vamos lá ver se o público sai feliz! Pessoalmente, considero que o sorriso é a parte mais importante no corpo humano. Em relação à imagem, estou a desenvolvê-la com diferentes pessoas de diferentes áreas, misturando moda e teatro. Fiquei maravilhado com o filme "HER" que, para mim, é o filme do ano. OK, adorei "12 Anos Escravo", chorei a toda a hora... Mas... O "HER" apaixonou-me! E eu sou de paixões. A carga de imagem é muito grande e subtil. Inspirei-me um pouco nisso. Em termos de cenário, as pessoas são transportadas para um ambiente íntimo de um quarto de hotel que, à partida, é algo estandardizado e impessoal. É um lugar para todos e para ninguém que lhe queira chamar de casa. Contudo, acaba por ser o lugar-comum das nossas personagens.


MFC - Como é estar do outro lado do guião? É aí que te queres manter num futuro próximo?

FS - É uma experiência muito gira porque nunca desligo. Estou sempre a ver as personagens de "Amantes de Fresco" impressas no dia-a-dia da vida das pessoas. Na realidade, estas personagens existem. Os tiques e as expressões que escrevi o papel são palpáveis na vida real. Só falta começar a falar com as pessoas na rua tipo maluquinho. A verdade é que elas responderiam. Tornaria tudo isto num vício. Gosto de pensar que poderia ser um canivete-suíço com todas estas vertentes de interacção. Apaixono-me pelas coisas e faço tudo com amor, daí que dê muito de mim a tudo o que faço. Esta peça é um bom bocado de mim, mas de ti também e de todos aqueles que estão a ler esta entrevista.


MFC - Para terminar, gostaria de te deixar um desafio. Completa a palavra "pi..."

FS - Pipocas. Não sendo viciantes, é algo que adoro. Principalmente com topping de M&M's. Quem as inventou tem o meu reconhecimento para o resto da vida!

Fotos: Cortesia de Filipe Salgueiro.

Marta F. Cardoso

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