terça-feira, 9 de julho de 2013


Há uns dias anunciei aqui no blogue o desfile da colecção Outono-Inverno 2013/2014 do designer João DavidO evento realizou-se no dia 5 deste mês, no Convento das Mónicas, na Graça (Lisboa). A equipa do Trend me too marcou presença, juntamente com o apoio da fotógrafa Catarina Fernandes, a quem agradeço a disponibilidade.
Chegámos mesmo em cima da hora marcada, por volta das 22h00. Cá fora, concentravam-se algumas pessoas que aguardavam pelo início do desfile. Lá dentro, pequenos grupos já se tinham sentado nos respectivos lugares e aproveitavam para colocar a conversa em dia.

Fomos recebidos num ambiente extremamente familiar e acolhedor, onde sorrisos se distribuíam à toa e palavras simpáticas corriam o espaço que se encontrava impecavelmente organizado.
O Convento das Mónicas revelou ser o local apropriado para a realização do desfile, não só devido à sua carga histórica, mas também devido ao seu carisma cultural. O facto de ser possível fazer um paralelismo entre a arquitectura do espaço e o tema do imaginário presente na colecção de João David, ajudou-nos a entrar no estado de espírito da colecção.

"Stories from the Woods and Tales of the Grimm" foi o nome escolhido pelo designer para baptizar a sua mostra. As "Histórias dos Bosques e Contos de Grimm", numa tradução livre, expôs exactamente aquilo que lhe dá nome: fantasia, encantamento, magia, sobrenatural, lendas, mistério, imaginário, utópico, sonhos... Tudo factores presentes nas fábulas dos irmãos Grimm.
Após algum tempo de espera, como é normal, as luzes baixaram, a música começou e a passarela iluminou-se. Deu-se início ao desfile, ao contar de uma história, ao passar de uma mensagem.

A música e a iluminação escolhidas suscitaram-nos de imediato a ideia de um ambiente de escuridão e trevas, quase como se estivéssemos numa floresta perdida, mas, ao mesmo tempo, mágica e encantada.
O objectivo desta colecção era o de despertar emoções relativas à depressão e ao esquecimento dos sonhos, fazendo uma reflexão ao nível do que se passa com a nossa sociedade, nomeadamente no que diz respeito à condição de crise em que vivemos, crise essa não só económica, mas também de valores. Isto pôde ser visto nas cores usadas: preto, roxo profundo, verde floresta, neutros e branco. Pela primeira vez, vimos trabalhos de João David onde a paleta é predominantemente formada por cores escuras, sendo habitual que o designer opte por cores mais alegres. 
Por um lado, o preto, o verde floresta e o roxo deram a alusão à emoção e ao estado de espírito que o designer pretendia transmitir, assim como fizeram ponte com a floresta e o conceito de fantasia. Por outro lado, a escolha do branco puro para os coordenados finais da colecção, remeteram-nos para a ideia de um final feliz com carácter futurista e esperançoso, onde é possível acreditar de novo e construir um mundo livre de maldade.
As manequins desfilaram coordenados com uma execução e corte impecáveis, mostrando uma grande diversidade de tecidos e de materiais utilizados nos quais se incluíram desde o pêlo e veludo até à organza e camurça.

João David mostrou o amor à sua arte em pormenores de confecção amorosos, como pequenas dobras e pregas em sítios imprevisíveis.
Os destaques da noite foram para a aplicação de pedrarias, transparências, geometrias e assimetrias subtis, decotes nas costas, mistura de cores e diversidade de padrões. A utilização de peças de colecções anteriores misturadas com peças desta nova colecção foi um aspecto positivo, pois pudemos ver mais trabalhos do designer e perceber que algumas peças desenhadas para Primavera funcionam igualmente numa colecção de Inverno.
No que diz respeito a coisas menos positivas, considerei que o pêlo usado nas saias se tornou muito pesado e preferi vê-lo aplicado nas partes de cima. Gostaria de ter visto mais propostas para além de vestidos, como casacos ou, até mesmo, acessórios.

Créditos fotográficos - Catarina Fernandes

Marta F. Cardoso

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