quinta-feira, 16 de maio de 2013


Hoje vi três senhoras acima da casa dos 50.

Uma delas carregava sacos nitidamente pesados, provavelmente teria vindo do supermercado. Mesmo assim, calçava umas cunhas de madeira embelezadas com tachas metálicas. Outra das senhoras primava pela escolha de umas calças de linho com um padrão eléctrico e, por fim, a última das senhoras envergava em mãos uma mala preciosíssima combinada com umas botas de cano alto e um casaco de malha. O seu penteado imaculado quase que poderia ser considerado como um acessório, visto estar tão perfeitamente desenhado que se assemelhava a um chapéu.

Refiro isto pois falava eu há uns dias, em contexto de reunião, com a Dra. Clara Vaz Pinto e a Dra. Rosário Severo, acerca das lacunas existentes no que diz respeito à captação de imagens de streetstyle de, essencialmente, mulheres desta faixa etária. Chegámos à conclusão de que são poucos os fotógrafos que dão destaque a um estilo mais maduro e sábio. Discutindo as ideias entre nós, vimos que a falta de tempo e de dinheiro é um factor decisivo no que diz respeito à manutenção do estilo e da beleza. Talvez esses sejam os factores principais para ser mais comum ver-se jovens mimosas e senhoras em tons de cinzento.

A meu ver, quando se amadurece, outras prioridades ganham relevo nas nossas vidas. A família é posta em primeiro plano. Passamos a viver para os filhos, para o trabalho, para uma casa. Acabamos por nos esquecer de nós e isso reflecte-se na nossa imagem. Não quero com isto dizer que dou valor às aparências, antes pelo contrário. É por me preocupar com os motivos que levam ao descuramento de nós mesmos que decidi partilhar isto convosco.

As pessoas andam tristes. E eu tive pena.

Tive pena porque hoje deixei a minha máquina em casa.

Marta F. Cardoso

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