OPINIÃO: Sobre a capa de Melissa McCarthy na Elle | por Joana Costa

Quando saíram as imagens da capa “The Women in Hollywood Issue” da edição de Novembro da revista Elle, em que Melissa McCarthy se apresenta vestida com um casaco de Inverno em tons de cinzento e com o cabelo parcialmente a cobrir-lhe o rosto, o resultado foi o caos.

A discussão acentuou-se pelo facto de as outras três capas possíveis para a edição apresentarem actrizes com formas mais esguias e roupas bastante mais reveladoras.

Melissa McCarthy
Foto retirada de: blog.zap2it.com

A polémica que estas imagens geraram ultrapassa, em muito, os níveis de bom senso. O público parece presumir que se trata de uma conspiração para esconder o corpo curvilíneo da actriz de 40 anos que não se enquadra no tipo de corpo que habitualmente figura nas capas da revista Elle.

Toda a gente se revoltou porque a actriz não mostra tanta pele, nem usa roupas tão reveladoras e sexy, como as restantes mulheres que participam na edição: Reese Witherspoon, Penelope Cruz e Shailene Woodley. Aparentemente não parece interessar o facto de McCarthy estar linda e sensual numa capa da Elle...

Penelope Cruz, Elle "The Women in Hollywood Issue"

Reese Witherspoon, Elle "The Women in Hollywood Issue"

Shailene Woodley, Elle "The Women in Hollywood Issue"

A Elle defendeu a sua posição numa declaração feita à imprensa: “Em todas as nossas sessões, os nossos estilistas trabalham com as estrelas para escolher peças nas quais estas se sentem bem e, neste caso, não foi diferente: A Melissa adorou este look e está linda na nossa capa. Estamos entusiasmados por honrá-la como um das nossas Mulheres em Hollywood, este ano”.

Melissa McCarthy está, apesar de todo o requinte do look, realmente mais coberta do que as restantes mulheres, mas o que as pessoas parecem esquecer é que diferentes corpos e formas têm diferentes elementos ou roupas que os distinguem e lisonjeiam. Não que McCarthy não ficasse igualmente linda em roupas mais justas. Contudo, a verdade é que a beleza é algo que, por mais que a sociedade e a indústria queiram definir e direccionar, não tem definição e é subjectivo. Depende de cada um e não existe nada nem ninguém no mundo que toda a gente irá achar bonito.

O importante é o sentimento que cada um tem na sua própria pele e esta discussão toda parece-me uma falta de respeito para com Melissa McCarthy, especialmente porque todos se revoltaram por ela sem saber qual a sua opinião sobre o assunto.

Vou ser sincera convosco, quando vi a capa pela primeira vez, apenas vi uma mulher confiante e sensual, com uma beleza clássica e sofisticada, e pensei até que todo o alarido fosse pelo simples facto de uma mulher com o corpo de McCarthy estar deslumbrante na capa da Elle. Parece-me cruel da parte do público retirar toda a grandiosidade que este momento deve ter para a actriz, criando uma discussão inútil.

É verdade que as revistas direccionam o seu público, mas apenas o fazem porque este está susceptível a isso. Ora, se as pessoas estão cansadas do elitismo que marca as capas de revista, talvez haja diferentes maneiras de o mostrar porque o resultado de toda esta polémica é apenas publicidade gratuita.

Na festa da Elle para honrar as actrizes que fizeram parte desta edição, “The Women in Hollywood Issue”, a E! Online abordou McCarthy e questionou-a sobre este assunto. A resposta da actriz não me surpreendeu: "O que achei mais bizarro é que fui eu que escolhi o casaco. Agarrei o casaco e vesti-o. Tinha um vestido preto fantástico, mas pensei - Sai em Novembro [a revista] – Estava tão farta do Verão. Eu vivo no sul da Califórnia. E disse: “dêem me um grande casaco para vestir. Dêem à rapariga alguma caxemira!".

Se McCarthy está confortável com o seu corpo e se sentiu à vontade naquele look, porque é que o resto do mundo fica ofendido por ela?

Mesmo que se trate de uma conspiração para, subtilmente, esconder as formas da actriz com um casaco de Inverno, McCarthy não deixa de estar numa capa da Elle e linda, por sinal. A atenção dada a este segundo ponto deveria ser, na minha opinião, muito maior.

Joana Costa